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Mercado de veneno
Como uma das maiores empresas de alimentos ajuda a espalhar doenças - e está em nossos pratos
Já ouviu falar da Monsanto?
A história é longa, mas vamos pular pra 1970.
Um químico da Monsanto - uma empresa de agricultura - descobriu que glifosato, anteriormente usado como agente de descalcificação, pode ser um herbicida eficaz.
A empresa patenteou seu uso como herbicida naquele ano e o comercializou pela primeira vez sob o nome comercial Roundup em 1974.
Por duas décadas, foi usado com menos frequência do que outros herbicidas, como 2,4-D, dicamba e atrazina.
Mas, como Carey Gillam detalha em seu livro investigativo sobre a história do glifosato — Whitewash: The Story of a Weed Killer, Cancer, and the Corruption of Science (algo como "Passando o Pano: a história de uma semente assassina, câncer e a corrupção") — na década de 1990, quando empresas como a Monsanto começaram a ganhar o domínio tecnológico e a capacidade de modificar culturas geneticamente, cientistas da Monsanto descobriram organismos nas lagoas cheias de lodo ao redor de sua plantação, na produção de Roundup em Louisiana que poderiam conferir resistência ao glifosato.
A empresa inseriu com sucesso materiais genéticos dessas bactérias em soja e descobriu que a colheita poderia suportar ser pulverizada com Roundup e continuar a crescer.
Monsanto viu um enorme potencial.
Historicamente, os agricultores teriam que tomar cuidado para não pulverizar herbicidas em suas plantações, pois isso mataria a plantação - mas estas novas culturas geneticamente modificadas “Roundup Prontinhas” permitiram aos agricultores pulverizar glifosato diretamente em seus campos durante toda a estação de crescimento, matando ervas daninhas e sem danificar suas plantações.
Avançamos no tempo, e a Monsanto lança sua Soja Roundup.
Tudo chancelado pelos governos, claro.
Hoje, acredita-se que mais de 90% da soja e do milho possuem glifosato.
Mas se isso amadurece o grão mais rapidamente e traz uma colheita mais eficiente, qual o problema?
QUAL O PROBLEMA?
Pesticidas.
Transgênicos.
Isso economiza tempo do agricultor e resulta em uma colheita antecipada e sincronizada.
Em troca, você obtém pesticidas em seus alimentos e nossa saúde é afetada negativamente.
Câncer.
Mutações genéticas.
Insetos e bactérias fortalecidas.
Novas doenças.
O glifosato tem sido associado a sérios problemas intestinais, renais e outros problemas de saúde, e foi classificado como um “provável carcinogênico” pela Organização Mundial da Saúde.
O glifosato e as preparações que o contêm são alguns dos pesticidas mais utilizados na agricultura.
A Monsanto, fabricante desse veneno, mentiu em seu marketing por décadas (claro...), alegando que o glifosato é inativado quando atinge o solo.
Você pode ter ouvido falar sobre alguns dos processos que foram vencidos contra a Monsanto.
O glifosato é só uma das questões.
A comida é realmente modificada.
Quem é dos anos 1980 (coroa como eu) talvez tenha visto aqueles Froot Loops.
Meus Deus, isso é veneno puro.
Consumi bastante. Meus pais não tinham a menor a ideia.
Como a maior parte das pessoas.
Ainda é comercializado.
Na verdade, a Monsanto é ré em milhares de processos judiciais!
Você pode pensar que está a salvo, por não consumir este tipo de produto.
Mas estamos falando de milho. E soja.
Está em muitos, muitos produtos.
A previsão é que cheguem à casa dos 100.000 processos.
OLHO NO LANCE
Preste atenção agora. Mesmo.
Todos esses processos podem ser uma das razões pelas quais eles se venderam para a Bayer em 2016.
Pelo valor de 63 BILHÕES DE DÓLARES.
Nós temos a Monsanto, uma empresa que produz comida geneticamente modificada - e que claramente está envolvida a casos de câncer -, extremamente lucrativa, mas com uma péssima reputação.
Para apagar esse histórico horrível, a Bayer - uma farmacêutica que, inclusive, estuda formas de curar o câncer (na teoria) - adquire a Monsanto.
Estão acompanhando?
Porém...
Eu achei minimamente estranho ter encontrado na Wikipédia (sim, nossa querida Wikipédia) o seguinte:
"Há um consenso científico que os alimentos atualmente disponíveis derivados de culturas geneticamente modificadas não representam risco para a saúde humana maior do que os alimentos convencionais"
Bom...
A ESTRATÉGIA
Como, algo tão terrível assim, poderia simplesmente continuar a olhos vistos?
Este foi meu questionamento quando comecei a desenroscar todo esse nó.
Porque simplesmente não fazia sentido a história de empresas fabricavam remédios que não funcionam e alimentos que causam doenças.
E ninguém fazer nada.
Por tanto tempo? Não faz sentido.
Mas temos visto nas últimas newsletters as estratégias das indústrias alimentícias e farmacêuticas.
1. Corromper a ciência
Funcionários da Monsanto moldaram a ciência do glifosato, incluindo o pagamento para acadêmicos, escrevendo artigos fantasmas, influenciando agências reguladoras e usando outras táticas para moldar a ciência e a regulamentação.
Atualmente, temos um problema crescente: apesar de ser um grande admirador da ciência, ela já não é um campo de questionamento, descobertas e avanços.
Se tornou uma religião.
História, psiquiatria, alimentação - tudo isso PRECISA ser debatido, pela simples questão de nos afetar diretamente e de estar em constante transformação.
Pense no cigarro. Ele não só era parte do senso comum, como era recomendado por médicos.
Esse status bíblico à ciência é um enorme perigo pro pensamento livre e crítico.
A indústria estendeu todos os tentáculos possíveis sobre a ciência e a política.
Em 2015, quando a Organização Mundial da Saúde classificou o glifosato como provável cancerígeno humano, a Monsanto implantou uma “estratégia dura e sem precedentes” para empurrar de volta a decisão, escreveu Jonathan Samet,
Reitor da Escola de Saúde Pública do Colorado, em um jornal de 2019 (https://ajph.aphapublications.org/doi/full/10.2105/AJPH.2019.305131).
“A estratégia da Monsanto é paralela às usadas pela indústria do tabaco e outras”
escreveu Samet
“mas o glifosato é notável por sua intensidade, seu alcance em membros do grupo de trabalho e o imediatismo e escopo do litígio nos Estados Unidos relacionados ao linfoma não-Hodgkin”.
O Le Monde detalhou as estratégias da Monsanto: “interferir na ciência, influenciar o processo regulatório e orquestrar campanhas de relações públicas para defender seus produtos."
Eles resumiram suas descobertas:
“Para salvar o glifosato, a Monsanto empreendeu um esforço para destruir Agência de Câncer das Nações Unidas”.
Já em 1984 o glifosato foi considerado carcinogênico pela Agência de Proteção Ambiental norte-americana
Eu entendo se você ainda estiver cético.
A informação seguinte não foi devidamente divulgada.
No final da década de 1990, o Dr. James Parry, um especialista em genotoxicidade contratado pela Monsanto para revisar estudos sobre o glifosato, concluiu que o produto químico pode sim ser genotóxico, o que significa que pode induzir
mutação genética, quebras cromossômicas ou rearranjos cromossômicos que têm potencial de causar câncer.
Em uma série de e-mails internos de 1999, executivos da Monsanto discutiram se deveriam “largar Parry” ou “trabalhar com ele” para editar a apresentação de informações.
Heydens, da Monsanto, aconselhou seus colegas:
“vamos dar um passo atrás e ver o que estamos realmente tentando alcançar aqui. Nós queremos encontrar/desenvolver alguém que se sinta confortável com o perfil genotóxico do glifosato/Roundup e quem pode ser influente junto aos reguladores e divulgadores científicos quando as questões genotóxicas surgirem.”
Heydens continuou, “Minha leitura é que Parry não é atualmente tal pessoa, e levaria algum tempo e $$$/estudos para levá-lo até lá... Simplesmente não vamos fazer os estudos sugeridos por Parry... devemos começar seriamente a procurar outras pessoas com quem trabalhar”.
Os e-mails estão aqui (em inglês)
CONTINUA
Esta newsletter está grande.
Preciso saber de você se este é um tamanho adequado de leitura. Ou se você quer menos. Ou se você quer mais.
Ainda vamos falar sobre como ela
2. Sequestra a academia
3. Mobiliza aliados terceirizados
4. Rastreia e ataca cientistas, jornalistas e influenciadores
5. Domina os espaços online
Pode me responder sobre o tamanho das newsletters?
Eu escrevo pra você.
Sou apaixonado por todos esses assuntos, porque eles me fazem enxergar melhor.
Nossa história foi alterada e essa é apenas é a ponta do iceberg.
Nossa saúde está em jogo.
Na verdade, é uma questão de controle.
Então, são assuntos que não só sinto necessidade de investigar como - assim como qualquer forma de conhecimento que adquiro - ele serve para ser passado adiante.
Algumas pessoas não estão preparadas pra isto.
A verdade dói.
Eu sei. Sei muito bem.
Lembra em Matrix?
A resistência do Neo à verdade?
Mas ele seguiu. Ele foi corajoso.
Não é fácil.
Então, preciso saber se você tem gostado das newsletters.
Pode me responder e dizer o que está achando?
Quero saber de você.
Somos todos Um.
Grande abraço,
-L