Mercado de veneno - parte 2

Dando continuidade à nossa newsletter anterior...

Existe algo em comum em quase todos os pratos que consumimos.

Pesticidas.

Monsanto é uma das líderes no setor. Ela busca um aumento desenfreado da sua produção agrícola, causando grandes impactos ambientais - e nos envenenando.

Os casos de câncer ligados à empresa são absurdos: as estimativas são de 100.000 processos jurídicos (quantos mais nem buscaram o judiciário).

Detalhe: foi comprada pela Bayer - aquela que supostamente deveria estar no mercado da cura...quer dizer, na busca da cura.

Desde que comecei a estudar os poderes benéficos de desintoxicar o corpo, também abri a Caixa de Pandora - e caíram no meu colo atrocidades provocadas pelas indústrias alimentícia e farmacêutica.

Então, se isso acontece mesmo, como ela consegue continuar? Ninguém percebe?

Na nossa edição anterior, vimos como eles, através de grandes somas de dinheiro, conseguem induzir a ciência - pagando as pessoas certas e direcionando os estudos.

2. Cooptar a academia

Nós estamos fazendo um exercício de seguir a cadeira de eventos.

Porque pro Roundup - glifosato com nome bonito, um pesticida usado há décadas - chegar aos nossos pratos, muita coisa precisou acontecer.

Esta é uma sequência de e-mails descoberta pela organização não-governamental US Right To Know (USRTK).

Aqui, a Monsanto discute sobre quem seria o "garoto propaganda".

  1. Cientistas (desconfiam que pode não ser o suficiente)

  2. Mulheres fazendeiras lindas (não, sem credibilidade)

  3. Professores universitários

Existem pesquisas em diversos países que apontam que os professores são os profissionais mais confiáveis.

Se você é um, regozije-se; mas não deixe abalar seu ego.

Também não fique chateado com o que vou escrever. Ao contrário, busque perguntar se é possível que seja assim.

Nos EUA, os financiamentos privados para universidades são enormes.

Enquanto os públicos aumentaram 20% nos últimos anos, os privados subiram incríveis 193%.

Não é surpreendente, certo? Causa uma sensação estranha no estômago, mas não é exatamente novidade.

Isso acontece bastante, aliás.

"A indústria alimentícia recrutou acadêmicos em guerra de rotulagem de transgênicos, mostram e-mails", cita o jornalista Eric Lipton para o New York Times.

Estão acompanhando?

Ele diz que é como se o cargo "professor" viesse com um rótulo de imparcialidade.

De novo, se você é um professor universitário, não leve ao coração. Avalie.

Além de qualquer coisa, temos que fortalecer nosso poder de questionar - e liberdade para fazê-lo.

E-mail mostrando uma troca: professor viaja e faz propaganda dos pesticidas

3. Mobilizar aliados terceirizados

A ideia aqui é simples: manter a Monsanto atrás das cortinas e criar/financiar grupos que falem por ela.

Organizações profissionais, universidades, campanhas de grupos que se dizem ativistas e outros - que disseminam mensagens criadas pela Monsanto e suas empresas de relações públicas, com o objetivo de se opor a regulamentos de saúde, segurança e transparência para produtos da indústria de pesticidas.

Essa tática de usar aliados remonta ao sobrinho do Freud, Edward Bernays - considerado um pai das relações públicas.

Sim, eu também trabalho como psicanalista. Sim, me formei em uma instituição freudiana.

Mas não vou levar pro coração.

Bernays contratou um time de médicos para divulgar os benefícios do bacon no café da manhã, em 1913.

Corta o tempo para 2007, e o jovem Leo está lá se entupindo de bacon no café da manhã.

hehehe chega a ser engraçado. Como é bom envelhecer.

4. Rastrear e atacar cientistas, jornalistas e influenciadores

"Monsanto Papers: A Guerra dos Pesticidas Contra a Ciência"

A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC, em inglês) já fez algumas pesquisas sobre os impactos do glifosato no corpo humano.

A Monsanto, claro, não viu essas pesquisas com bons olhos.

Eles lançam ataques constantes à credibilidade da Agência.

Ou seja, eles querem que nós - consumidores - enxerguemos as pesquisas contra o glifosato como besteiras sem fundamento.

A gente passaria todo o sábado lendo matérias nesse sentido, mas aqui vão algumas sobre como a Monsanto realmente luta contra todos os que simplesmente colocam sob os holofotes os males causados pela empresa:

Alguns grupos ligados à Monsanto se dizem "pró-ciência".

Eles também atacam mães que promovem comidas mais orgânicas.

Por que? Porque ainda hoje mulheres com filhos fazem a maior parte da preparação alimentícia nas casas, das compras ao cozimento.

Monsanto e Bayer se aliaram a grupos online que defendem herbicidas.

Eles alegam que produtos químicos sintéticos nada tem a ver com o aumento de doenças...

5. Domine os espaços online

Esses grupos escrevem em colunas de jornais, como o Washington Post e blogs.

Eles conseguem rankear esses sites (subir para as primeiras páginas do Google), através de SEO e pagamento de anúncios.

Outro exemplo é um livro de 2019 "Food Bullying".

A autora, Michele Payn, se descreve como uma “praticante de kickboxing palestrante profissional” e também “uma mãe cansada de valentões da comida e covardes do teclado.”

O livro afirma revelar o “segredo de $ 5,75 trilhões” que os comerciantes de alimentos não querem que você saiba - que, cultivados organicamente, com baixo teor de pesticidas, não transgênicos, alimentos não processados ​​feitos sem produtos químicos aditivos não são melhores para sua saúde e o ambiente. (meu Deus...)

Payne aconselha as mães a “enfrentarem os valentões da comida orgânica” e “simplificarem a segurança com boas escolhas alimentares” não se preocupando com riscos como pesticidas.

Pra fechar (importante!)

Deixa eu terminar com um (enorme) parênteses.

Esse "impulso" à Monsanto recebeu ajuda do Cornell Alliance for Science, cuja missão - dizem eles - é "trazer uma forte voz à ciência" e "despolarizar o debate em torno de transgênicos".

Essa instituição recebe aportes milionários da Fundação Bill & Melinda Gates.

Bill...Gates.

Se você não lembrar absolutamente nada sobre esta newsletter futuramente, grave apenas esse nome e a possível relação com a propagação de doenças pelo mundo.

Somos todos Um, meus amigos e minhas amigas.

Grande abraço,

-L